terça-feira, 3 de junho de 2008

Há 100 anos nascia Mário Filho, o ‘Criador das multidões’

Por: Globo.com




Jornalista revolucionou o futebol brasileiro na escrita e na prática e idealizou o desfile das escolas de samba

Imagine o futebol sem o Maracanã, a expressão Fla-Flu como um termo esquecido no tempo, que certa vez designou com ironia uma combinado formado pelos dois times. Pense também nas torcidas sem algazarra e o colorido das bandeiras. Ou então no carnaval sem o desfile das escolas de samba. Pois bem. Se não fosse o jornalista Mário Filho (03/06/1908 - 17/09/1966), cujo centenário se celebra nesta terça-feira, estes símbolos da cultura de massa brasileira ou não existiriam ou levariam tempos para surgir.


Do mesmo jeito que transformou o futebol e o carnaval, Mário Filho mudou para sempre a linguagem do jornalismo esportivo brasileiro, primeiro no jornal "A Manhã", depois na "Crítica". Os textos rebuscados ganharam a linguagem vibrante das arquibancadas, aproximando os leitores de seus clubes. Jogadores, que até então posavam para as fotos eretos e de terno e gravata passaram a ser clicados em ação. Em "O Globo", o jornalista promoveu os jogos da Liga Carioca ao premiar os torcedores mais animados e criativos. As arquibancadas viraram uma grande festa, tomadas por bandeiras, fogos de artifício e bandas carnavalescas.


Quando o desafio da vez era atrair as atenções para a partida entre Flamengo e Fluminense, na Liga Carioca de 1933, o flamenguista não declarado se lembrou de uma seleção carioca formada às pressas, na década de 20, por jogadores dos dois clubes, o que irritou torcedores de outros times. O combinado foi jocosamente batizado de escrete Fla-Flu. Desta vez, a rivalidade entre os dois era eternamente abreviada.


O time de Mário Filho, aliás, era um mistério até a sua morte, ao contrário do irmão, o dramaturgo Nelson Rodrigues (23/08/1912 - 21/12/1980), um confesso e fanático tricolor.


"O que causava controvércia era o time dele. Meu avô gostava do Fluminense, mas era flamenguista. Ele morreu sem dizer para quem torcia. Por conviver com pessoas dos dois times, na família e entre amigos, ele não queria magoar ninguém. Mas não magoaria nada, era uma coisa da cabeça dele", recorda o jornalista Mário Neto.


Mário Filho também lutou pela profissionalização do futebol e semeou o acirramento entre paulistas e cariocas ao incentivar a criação do Torneio Rio-São Paulo, em 1950. Também promoveu competições populares, como os Jogos da Primavera, os Jogos Infantis e o Torneio de Pelada do Aterro do Flamengo.


Paralelamente ao jornal "O Globo" o empresário Mário Filho criou um diário próprio, o "Mundo Esportivo", que durou menos de um ano, mas proporcionou a criação do que anos mais tarde seria conhecido como “Maior espetáculo da Terra”. Sem campeonato para cobrir, um repórter do jornal sugeriu a realização de um concurso entre as escolas de samba da cidade. A partir de 1930 o carnaval nunca mais seria o mesmo.


"Se ele não fizesse, outras pessoas teriam feito depois. Mas meu avô, como um craque que antevê a jogada, era um homem à frente do seu tempo, um pioneiro" lembra Mário Neto.


Caberia a Nelson Rodrigues, em mais uma de suas tiradas célebres, definir o irmão como “o criador das multidões”.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá amigos, parabéns pelo blog, espero que tenham gostado da visita ao Clube Náutico Capibaribe.

Abraços

Pedro Cavalcanti