quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Corinthians chega aos cem anos de história

Site oficial do clube e Globo Esporte
Imagem: Site oficial do clube



Era 1º de setembro de 1910 e cinco operários - Joaquim Ambrósio, Carlos da Silva, Rafael Perrone, Antônio Pereira e Anselmo Correia - se reuniram com mais oito rapazes e fundaram o "Sport Club Corinthians Paulista" após assistirem a uma partida de uma equipe de futebol da Inglaterra, o Corinthian-Casuals. O presidente escolhido por eles foi o alfaiate Miguel Battaglia, que já no primeiro momento afirmou: "o Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time".

Da primeira coleta à compra da primeira bola de futebol do clube pouco tempo passou. Na verdade, apenas uma semana. Um terreno alugado na Rua José Paulino foi aplainado e virou campo e foi lá que, já no dia 14 de setembro, o primeiro treino foi realizado diante de uma platéia entusiasmada que garantiu: "este veio para ficar".

De partida em partida o time foi se tornando famoso, mas era ainda um time de várzea. No ano de 1913, o Corinthians pleiteou uma vaga junto à Liga Paulista de Futebol e foi aceito, tornando-se assim o quarto dos chamados "três mosqueteiros" (os outros eram Americano, Germânia e Internacional), daí a origem do mascote corinthiano.

Grandes craques passaram pelo Corinthians em sua história quase centenária. Nomes como Neco, Luizinho, Cláudio, Baltazar, Gilmar, Rivellino, Sócrates, Biro-Biro, Ronaldo, Marcelinho Carioca, Dida, entre outros, são lembrados até hoje e tidos com muito carinho pela Fiel Torcida.

O primeiro jogo:

Corinthians 0 x 1 União Lapa
Jogo Varzeano – 10/09/1910
Corinthians: Valente; Perrone, Atlílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Fabbi, César Nunes e Joaquim Ambrósio. Técnico: Rafael Perrone.
União Lapa: não disponível

Foi contra o União Lapa, formado dois anos antes em um dos bairros em que o futebol varzeano mais de desenvolveu em São Paulo. Por isso, a derrota pela diferença mínima foi recebida com festa no Bom Retiro.

O primeiro gol e a primeira vitória:

Corinthians 2 x 0 Estrela Polar
Jogo Varzeano – 14/10/1910
Corinthians: Valente; Perrone, Atlílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Fabbi, César Nunes e Joaquim Ambrósio. Técnico: Rafael Perrone.
Estrela Polar: não disponível

Chamava-se Luiz Fabbi o autor do primeiro gol corinthiano, marcado nestes 2 a 0 sobre o Estrela Polar, outra equipe da várzea paulistana. Foi também, a primeira vitória da história alvinegra.

Batismo internacional:

Corinthians 0 x 3 Torino (Itália)
Amistoso internacional – 15/08/1914
Corinthians: Casemiro do Amaral (Sebastião); Fúlvio e Casemiro González; Police, Bianco e César Nunes; Américo, Peres, Amílcar, Apparício e Neco. Técnico: Casemiro González.
Torino: Morando; Capra e Backmann; Valobra, Peterlli e Lovatti; Debernaardi, Mosso III, Tomaselli, Arione III e Arione II. Técnico: Vittorio Pozzo.

“O Corinthians pode ir à Europa e enfrentar, sem receio, qualquer dos times de lá”. Palavras de Vittorio Pozzo, técnico do Torino em 1914 e futuro bicampeão mundial pela Itália em 1934/38. Quando seu clube excursionou pelo Brasil, goleou todo mundo, mas não encontrou moleza com o Timão.

A maior goleada:

Corinthians 11 x 0 Santos
Campeonato Paulista – 04/07/1920
Corinthians: Colombo; Nando e Gano; Garcia, Amílcar e Ciasca; Américo, Neco, Bororó, Gambarotta e Basílio. Técnico: Amílcar Barbuy.
Santos: Randolpho; Cícero e Bilu; Ricardo, Marba e Pereira; Millon, Constantino, Ary Patusca, Castelhano e Arnaldo Silveira.

Foi contra o Santos, velho rival, que aconteceu a maior diferença de gols da história corinthiana (e também a maior derrota santista). Irritados contra a arbitragem, os adversários tiveram quatro expulsões, protestaram cobrando pênaltis contra as próprias redes e forçaram o final da partida aos 21 minutos do segundo tempo.

Estreia no Parque:

Corinthians 1 x 0 Sírio
Campeonato Paulista – 25/01/1923
Corinthians: Mário; Garcia e Del Debbio; Rafael, Amílcar e Ciasca; Peres, Neco, Gambarotta, Tatu e Rodrigues. Técnico: Guido Giacominelli.
Sírio: Tuffy; Galvão e Chicão; Mezinho, Milanese e Artur; Brenno, Zé Macaco, Cabelli, Ruyval e Bellini.

Foi como visitante que o Corinthians fez sua primeira partida na Fazendinha, apelido dado ao Parque São Jorge (na época, quem jogava no futuro campo corinthiano era o Sírio). O jogo, válido ainda pelo campeonato do centenário da independência do Brasil e valia as últimas chances do Timão na competição, foi duro. A vitória, 1 a 0, saiu graças a uma cabeçada certeira de Gambarotta.

Milagre no final:

Corinthians 2 x 0 Paulistano
Campeonato Paulista – 04/02/1923
Corinthians: Mário; Rafael e Del Debbio; Gelindo, Amílcar e Ciasca; Peres, Neco, Gambarotta, Tatu e Rodrigues. Técnico: Guido Giacominelli.
Paulistano: Arnaldo; Clodoaldo e Guarany; Menezes, J. Franco e Abate; Formiga, Mário Andrada, Friedenreich, Zecchi e Alfredinho.

Era o mais importante Campeonato Paulista disputado até então. Seu vencedor seria considerado o Campeão do Centenário – em comemoração ao aniversário de 100 anos da independência do Brasil, em 1822 – apesar de seus jogos decisivos terem sido disputados no ano seguinte. Tudo parecia perdido para o Corinthians quando, ainda no final de 1922, o time perdeu a liderança do torneio para o Palestra. Mas bastou uma goleada do Paulistano sobre o mesmo Palestra (5 a 1) para o Timão voltar à briga. Na última partida, contra o Paulistano, Tatu e Gambarotta marcaram e o título histórico não escapou.

Festa na casa alheia. Três vezes o melhor:

Corinthians 1 x 0 Paulistano
Campeonato Paulista – 11/01/1925
Corinthians: Colombo; Grané e Pinheiro; Gelinho, Gambarotta e Rafael; Apparício, Neco, Napoli, Tatu e Rodrigues. Técnico: Guido Giacominelli.
Paulistano: Kunts; Clodoaldo e Caetano; Abatte, Mello e Villela; Formiga, Mário Andrada, Friedenreich, Seixas e Netinho.

Era janeiro de 1925, mas a partida ainda era válida pelo campeonato do ano anterior. Foi no campo do adversário, o Jardim America, contra a juventude dourada do Paulistano, que o ponta-esquerda Tatu, apelido dado ao jogador graças à sua semelhança com o bicho, acertou um chute de longe e deu ao Corinthians a vitória e seu primeiro tricampeonato paulista em toda a história.

Chuva de gols:

Corinthians 10 x 5 Portuguesa
Campeonato Paulista – 12/02/1928
Corinthians: Moreno; Pinheiro e Del Debbio; Américo, Sebastião e Munhoz; Apparício, Neco, Gambinha, Rato e De Maria. Técnico: Neco.
Portuguesa: Raposo; Machado e Giby; Vasques, Salgueiro e Américo; Bellini, Salles, Maya, Yoyô e Petrone.

Nada menos que 15 gols. Nenhum outro jogo na história corinthiana teve tantas vezes as redes balançadas quanto este, válido pelo Campeonato Paulista de 1937. Apparício (um gol), De Maria (dois), Neco (três) e Rato (quatro) fizeram a festa da torcida no Parque Antárctica. O detalhe curioso é que foi um dos últimos jogos do artilheiro Neco dividindo as funções de técnico da equipe (ao todo, ele comandou o Timão em 66 partidas) e goleador.

Inaugurada a Fazendinha:

Corinthians 2 x 2 América-RJ
Amistoso – 22/07/1928
Corinthians: Tuffy; Grané e Del Debbio; Nerino, Sebastião e Munhoz; Apparício, Neco, Rato, Guimarães e De Maria. Técnico: Ângelo Rocco.
América-RJ: Joel; Hildegardo e Lázaro; Hermógenes, Floriano e Walter; Gilberto, Oswaldo, Sobral (Mário Pinto), Mineiro e Celso.

O gol mais rápido da história do Parque São Jorge foi também o primeiro: aos 29 segundos de jogo, o ponta-esquerda Alexandre De Maria marcou a reinauguração do campo como território corinthiano (após ter sido comprado do Sírio). Ele mesmo voltou a marcar e decretou o empate por 2 a 2 na partida entre os campeões paulista e carioca de 1922, ano do Centenário da Independência no Brasil.

Pra argentino ver:

Corinthians 3 x 1 Barracas (Argentina)
Amistoso – 01/05/1929
Corinthians: Tuffy; Grané e Del Debbio; Nerino, Amador e Bastos; Apparício, Peres, Gambinha, Rato e Rodrigues. Técnico: Virgílio Montarini.
Barracas: Dias; Muyano e Cherro; Clemente, Celico e Amadei; Marassi, Luna, Landolfi, Simosini e Rivarola.

Foi no Parque São Jorge a primeira vitória internacional da equipe corinthiana. De virada, Apparício, Rodrigues e Rato fizeram os gols sobre os argentinos do Barracas. No dia seguinte, nas páginas do jornal A Gazeta, o jornalista Tomás Mazzoni saudava a “fibra dos mosqueteiros”, dando origem ao apelido.

O campeão dos campeões:

Corinthians 3 x 2 Vasco
Taça Apea –23/02/1930
Corinthians: Tuffy; Rafael e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Munhoz; Filó, Peres, Gambinha, Rato e De Maria. Técnico: Virgílio Montarini.
Vasco: Waldemar; Itália, Brilhante; Tinoco, Fausto e Mola; Paschoal, Paes, Russinho, Mário Mattos e Bahiano.

Hoje, a expressão faz parte do próprio hino do clube. Mas quando e por que o Corinthians passou a ser chamado de “campeão dos campeões”? Era apenas um amistoso interestadual, um desafio entre Corinthians e Vasco, campeões paulista e carioca. No primeiro confronto, no Parque São Jorge, vitória por 4 a 2 com gols de Filó (dois), De Maria e Gambinha. Na partida de volta, em São Januário, ia dando Vasco, 2 a 0. Mas só até os 27 minutos do segundo tempo, quando falou mais alto outra tradição: a virada corinthiana. De Maria, Peres e Gambinha marcaram uma vez cada e, no fim, a vitória valeu o título honorário de Campeão dos Campeões do Brasil.

A primeira invasão:

Corinthians 5 x 2 Santos
Campeonato Paulista – 04/01/1931
Corinthians: Tuffy; Grané e Del Debbio; Leone, Guimarães e Munhoz; Filó, Napoli, Gambinha, Rato e De Maria. Técnico: Virgílio Montarini.
Santos: Athiê; Aristides e Meira; Oswaldo, Hugo e Alfredo; Omar, Camarão, Feitiço, Victor e Evangelista.

O resultado garantiu o tricampeonato paulista para o Timão (1928/29/30). Foi a oitava conquista até então e a segunda sequência de três troféus da história. Mas a partida marcou mais por ter sido a primeira vez que a Fiel invadiu um território adversário para acompanhar o time – no caso, a goleada sobre o Santos em plena Vila Belmiro.

Oito composições de trem, com dez vagões cada uma, saíram lotadas de corinthianos da estação da Luz e do Brás para assistir aos gols de Gambinha (2), Filó, De Maria e Napoli. Na volta, muitos torcedores que vieram sem camisa no alto dos vagões, festejando o título, morreram de pneumonia e tuberculose.

Artilharia pesada:

Corinthians 10 x 1 Sírio
Campeonato Paulista – 21/05/1933
Corinthians: Rede; Conti (Segala) e Jaú; Brito, Laurindo e Munhoz; Boulanger, Baianinho, Hermes, Zuza e Rato II. Técnico: Pedro Mazzulo.
Sírio: Abdalla; Sylvério e Luizinho; Del Grande, Cahim e Miguel; Durval, Eduardo, Zaidan, Caetano e Totó.

O ano não era dos melhores para os corinthianos, mas está goleada sobre o Sírio no Parque São Jorge ficou marcada por um recorde: a atacante Zuza, com seis gols, se tornou o maior artilheiro alvinegro em uma só partida. Ninguém, até hoje, conseguiu sequer igualar a marca. Hermes (2), Rato II e Baianinho completaram a chuva de gols deste jogo válido pelo Campeonato Paulista.

Botando o Boca pra correr:

Corinthians 2 x 0 Boca Juniors (Argentina)
Amistoso internacional – 10/02/1935
Corinthians: José I; Jaú e Jarbas; Brito, Brandão e Munhoz; Teixeira, Mamede, Teleco, Carlito e Wilson (Baianinho). Técnico: Amílcar Barbuy.
Boca Juniors: Yustrich; Muysés e Valussi; Verniérres, Lazatti e Arico; Sanchez, Cárcerres, Varalo, Cherro e Cuzatti (Benevides).

Campeão argentino de 1935, o Boca Juniors foi um furacão que passou pelo Brasil. Arrasou o Botafogo (4 a 0) e o São Cristóvão (6 a 1). Empatou com o Vasco (3 a 3) e com o Palestra (1 a 1). Só parou mesmo quando chegou ao Parque São Jorge, diante do Corinthians. Mamede e Wilson, logo no início do jogo, fizeram os gols da vitória alvinegra. E só não foi mais porque o Boca impediu a cobrança de um pênalti que o juiz marcou a favor do Timão e fugiu de campo aos 20 minutos do segundo tempo.

Uma longa invencibilidade:

Corinthians 1 x 0 Portuguesa Santista
Amistoso – 08/12/1935
Corinthians: José I; Jaú e Carlos; Brito, Brandão e Ovídio; Teixeira, Carlito (Jango), Teleco, Rato I e Tedesco. Técnico: José Foquer.
Port. Santista: Rato; Doló e Romeu; Del Popolo, Archimedes e Argemiro; Palhinha, Cruz, Armandinho, TIm e Gildo.

A maior invencibilidade da história do Corinthians começa nesta partida, em dezembro de 1935. Tedesco, aos 35 minutos do segundo tempo, garante a vitória alvinegra. E a sequência vai até a derrota para o Juventus (2 a 4), um ano e três meses depois – neste intervalo, o Timão conquista o Paulistão de forma invicta. No total, foram 35 jogos sem perder, com 29 vitórias e seis empates.

Artilheiro implacável:

Corinthians 8 x 0 Lusitano
Campeonato Paulista – 08/11/1936
Corinthians: José I; Jaú e Carlos; Jango, Brandão e Munhoz; Teixeira, Carlito, Teleco, Rato I e Tedesco. Técnico: José Foquer.
Lusitano: Martins; Rapha e Alemão; Ruiz, Severino e Paco; Quim, Tonese, De Luca, Andó e Vicente.

Fazer cinco gols por partida era quase uma rotina para Teleco, o homem-gol corinthiano da década de 30. Contra o Lusitano, pelo Paulistão, ele repetiu o feito apenas 43 dias depois de ter alcançado a proeza em um amistoso contra o Bahia (8 a 1, em 27/09). Teixeira (duas vezes) e Rato I completaram a goleada.

Herói ferido:

Corinthians 1 x 0 Palestra Itália
Campeonato Paulista – 14/11/1937
Corinthians: José I; Jaú e Carlos; Jango, Brandão e Munhoz; Filó, Carlito, Teleco, Daniel e Carlinhos. Técnicos: Neco e Antônio Pereira.
Palestra Itália: Jurandyr; Carnera e Begliomini; Ruiz, Goliardo e Del Nero; Aldo, Frederico, Dula, Rolando e Mathias III. Técnico: Matturio Fabbi.

Reza a lenda que o artilheiro Teleco, com o braço machucado, não poderia ter atuado nesta partida, decisiva para as pretensões de Corinthians e Palestra no Campeonato Paulista de 1937. A lenda conta, também, que Zuza, o reserva imediato do goleador, desmaiou ao saber da responsabilidade de substituí-lo. O jeito, então, foi entrar no sacrifício.

Verdade ou exagero, o fato é que o gol heroico marcado por Teleco aos 20 minutos do primeiro tempo naquela tarde praticamente garantiu ao Timão seu primeiro título no futebol profissional.

Campeão em dois tempos:

Corinthians 1 x 1 São Paulo
Campeonato Paulista – 23 e 25/04/1939
Corinthians: Barcheta; Jango e Carlos; Tião, Brandão e Sebastião; Lopes, Servílio, Teleco, Carlito e Carlinhos. Técnicos: Armando Del Debbio.
São Paulo: Pedrosa; Agostinho, Iracino; Fiorotti, Damasceno e Felipelli; Mendes, Armandinho, Elyseo, Araken e Paulo. Técnico: Vicente Feola.

Em abril de 1939, Corinthians e São Paulo disputavam, ainda, o título do ano anterior. No domingo, dia 23, um temporal interrompeu o jogo aos 21 minutos do primeiro tempo. O resultado parcial de 0 a 1 dava o título ao rival. Dois dias depois, com os portões abertos, jogaram-se os 69 minutos restantes. Tempo suficiente para o Timão empatar com um gol de Carlito, supostamente feito com a mão, e botar no peito as faixas do bi.

O caso do galo verde:

Corinthians 2 x 0 Palestra Itália
Campeonato Paulista – 18/08/1940
Corinthians: José I; Agostinho e Sordi; Jango, Dino e Munhoz; Lopes, Servílio, Teleco, Joane e Carlinhos. Técnico: Armando Del Debbio.
Palestra Itália: Gijo; Carnera e Begliomini; Carlos, Oliveira e Del Nero; Luizinho, Canhoto, Echevarrieta, Lima e Pipi. Técnico: Caetano de Domênico.

Foi o último Corinthians x Palestra disputado no ‘terreiro’ do Timão, o Parque São Jorge (com o nome Palmeiras, o rival nunca colocou os pés lá dentro). Para provocar a torcida do time da casa, um palestrino resolveu soltar um galo pintado de verde dentro do gramado. Depois da vitória por 2 a 0, dois gols de Teleco, o animal foi devidamente depenado pela Fiel. Uma de suas penas, já desbotada, está até hoje guardada na sala de troféus alvinegra.

O bom do Rio-São Paulo:

Corinthians 4 x 1 Palestra Itália
Quinela de Ouro – 28/03/1942
Corinthians: Rato; Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão (Sabiá) e Dino; Jerônimo, Servílio, Teleco, Eduardinho e Milani. Técnico: Rato.
Palestra Itália: Oberdan; Junqueira e Begliomini; Oliveira, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Lima e Pipi. Técnico: Armando Del Debbio.

Quinela de Ouro, Quinela de Ases, Taça Supremacia, Rio-São Paulo... Todos esses nomes foram dados para o mesmo torneio, que reuniu os três maiores times de São Paulo, mas Flamengo e Fluminense, do Rio, em jogos de turno único no Pacaembu.

No final, dois empates e duas vitórias – uma delas de goleada, sobre o Palestra do ex-ídolo alvinegro Del Debbio, na decisão – bastaram para o Corinthians ficar com o troféu. Dino, Jerônimo, Teleco e Eduardinho fizeram os gols e a festa da Fiel.

Homenagem póstuma:

Corinthians 2 x 0 Portuguesa
Amistoso – 08/05/1949
Corinthians: Bino; Belacosa (Rubens) e Moacir; Belfare (Palmer), Touguinha e Hélio; Noronha, Servílio, Baltazar, Edélcio e Colombo. Técnico: Joreca.
Portuguesa: Ivo; Lorico e Nino; Luizinho, Hélio e Santos; Zé Carlos, Zezinho, Renato, Pinga e Válter. Técnico: Caetano de Domênico.

Nesta partida contra a Portuguesa, pela primeira e única vez na história, o Corinthians entrou em campo vestindo camisas grenás. Era uma homenagem póstuma ao time do Torino, da Itália, que teve 18 jogadores mortos em um desastre aéreo quatro dias antes, em 4 de maio de 1949. No ano anterior, o Corinthians havia sido o único clube brasileiro a derrotar os italianos em sua excursão pelo Brasil. homenagens à parte, com a bola em jogo o Timão foi para cima: com um gol de Colombo e outro de Noronha, a equipe bateu a Portuguesa por 2 a 0.

O campeão que veio do nada:

Corinthians 1 x 1 Botafogo
Torneio Rio-São Paulo – 15/02/1950
Corinthians: Bino; Newton e Belfare; Idário, Touguinha e Hélio; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Nelsinho (Edélcio) e Noronha. Técnico: Christino Calaf e Manoel dos Santos.
Portuguesa: Osvaldo; Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal (Richard); Zezinho, Geninho, Neca (Hamilton), Otávio e Jaime (Reinaldo).

O Corinthians vinha de um modesto quinto lugar no Paulista de 1949, não tinha técnico (era treinado por dois diretores do Departamento Profissional), e, no final do ano anterior, chegou a ser goleado por 6 a 2 pelo Flamengo. No início de 1950, no entanto, as vitórias sobre Palmeiras, Vasco, Fluminense e Portuguesa, somadas a este empate por 1 a 1 com o Botafogo (Noronha fez o gol do Timão), trouxeram para o Parque São Jorge a taça do Rio-São Paulo daquele ano.

Estreia de gala:

Corinthians 4 x 1 Combinado Uruguaio
Quadrangular de Montevidéu – 30/06/1951
Corinthians: Cabeção; Homero e Rosalém; Idário, Touguinha (Roberto Belangero) e Julião; Cláudio (Nardo), Luizinho, Baltazar, Carbone e Colombo (Nelsonho). Técnico: Newton Senra.
Comb. Uruguaio: Di Mateo (Carviolon); Mathias González e Vilches; Rodríguez Andrade, Hosiris e Romero (Da Silva); Valdemar, González, Eirin Pippo (Osmar), Attilio Garcia (Cancella) e Abreu (Morati). Técnico: Juan López.

O Corinthians já passava dos 40 anos de vida quando fora do país pela primeira vez. A estreia foi no grandioso estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai. No quadrangular que comemorava o primeiro aniversário da conquista da Copa do Mundo pelos uruguaios, o Timão vingou a seleção brasileira derrotada no ano anterior, goleando um Combinado do Uruguai, na cada deles, por 4 a 1 – gols de Baltazar (2), Luizinho e Nelsinho.

No time adversário jogaram três campeões do mundo: Rodriguez Andrade (médio), Mathias González e Hector Vilches (zagueiros). A final deveria ter sido contra o Peñarol, que derrotou o Bangu no outro jogo, mas não aconteceu: os uruguaios insistiram em escalar um conterrâneo como árbitro e o Corinthians, irritado, voltou para casa.

Faltam 3 títulos para os 100


Faltaram apenas três títulos para o Corinthians completar 100 anos com 100 conquistas. De 1910 até agora, o clube do Parque São Jorge levantou 97 taças, contando campeonatos nacionais, internacionais, estaduais e outros torneios. De qualquer maneira, o currículo alvinegro faz inveja a muitos clubes.

O primeiro torneio conquistado pelo Timão foi o Campeonato Paulista de 1914 e o último a Copa do Brasil de 2009. Nesse intervalo muita coisa aconteceu. Quatro brasileiros, 26 estaduais, um Mundial... Mas também um amargo jejum de 23 anos sem soltar o tão prazeroso grito de “é campeão, é campeão, é campeão”.

A longa fila, porém, virou até tema de filme. Na verdade, o que foi às telas de cinema foi a maneira como o Timão conquistou o Paulista de 1977, acabando com o jejum. Foi no estádio do Morumbi, em duelo com a Ponte Preta, e com um gol de Basílio, até hoje idolatrado pelos corintianos.

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