terça-feira, 4 de maio de 2010

Cemitério ameaça despejar ossada do goleiro Barbosa

Placar

A Copa do Mundo pode transformar ídolos em vilões. No Brasil, o caso mais famoso é o de Barbosa, goleiro na Copa de 1950, disputada aqui.

Responsabilizado pela opinião pública pela perda do título, ao levar um gol do uruguaio Ghiggia, ele passou 50 anos carregando essa cruz. Agora, dez anos após sua morte, Barbosa volta a ser o centro de uma polêmica.

Se a família do goleiro não conseguir 378 reais, seus ossos serão incinerados. A missão de "salvar" Barbosa é de Tereza Borba - a quem, segundo ela, ele tinha como filha.

Ela conheceu o "Neguinho" quando tinha um quiosque na praia e ele acabara de perder a esposa, Clotilde. "Me ligaram dizendo que preciso dos 378 reais, mas não tenho condições, estou desempregada e tomo remédio pro rim. Vem gente até do Japão visitar o túmulo. Mas a cidade não valoriza seus ídolos. Estou disposta a vender todas as relíquias dele", diz Tereza.

"O prazo era a última sexta. Não tem mais lugar e não para de morrer gente de dengue. Mas como novos ossários estarão prontos em 15 dias, podemos aguardar até lá", diz Marcela Souza, administradora do cemitério Morada da Planície, em Praia Grande (SP).

Se Tereza não arrumar o dinheiro, a ossada de Barbosa será queimada, colocada num saco com zíper e depositada em uma urna comunitária, onde não será possível identificar os restos mortais do velho ídolo.

Prazo para exumação venceu há cinco anos

Moacyr Barbosa Nascimento morreu por lesões hepáticas, aos 79 anos, em 7 de abril de 2000, e foi sepultado no cemitério municipal da Praia Grande, onde vivia. Por lei, o corpo fica por três anos nos carneiros, com prorrogação por mais dois anos. Como já está há dez, o cemitério precisa que dê lugar a novos cadáveres.

"Ele é uma celebridade", suplica Tereza. "Já quase tivemos que recusar sepultamento, tem que ir pro ossário. Vai dar pra pôr a foto", diz Marcela, do cemitério.

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