sexta-feira, 20 de março de 2009

Danilo, o defensor da Guiné Equatorial!

Futebol Interior Pernambuco

Minutos antes de entrar em campo contra a seleção de Ruanda, em 2 de Junho de 2007, na casa do adversário, os jogadores da Guiné Equatorial brigaram entre si nos vestiários. Uma confusão enorme envolvendo os cinco brasileiros naturalizados guineanos que defendiam o país e os seis atletas nascidos na África. Eles estavam revoltados com a importação de estrangeiros na equipe, promovida pelo treinador brasileiro Antônio Dumas. Abatida em campo, Guiné foi derrotada por 2x0. O resultado provocou uma revolução na seleção, que tinha, ao todo, nove brazucas. Oito deles jamais voltaram a ser chamados, exceto um, O motivo? "Eu canto o hino".

Essa foi a explicação simples, porém justa, do goleiro Danilo, de 27 anos, natural de São Caetano-PE e que defende o Porto, de Caruaru. Ele foi o único naturalizado que desde o começo procurou se identificar com o país, conheçendo a cultura local, além da língua espanhola. "Eu canto o hino porque lá me sinto em casa. Sempre me interessei pelos aspectos do país, e por isso o povo gostou de mim. Lá, eles são mais fanáticos por futebol do que os brasileiros", assegura Danilo, que aceitou o inusitado convite em 2006, pela questão financeira, obviamente.

"O técnico (Dumas) ligou para um empresário do Brasil e pediu três jogadores para suprir a carência do time. E esse empresário ligou para mim. Depois de ligar para alguns brasileiros que moravam lá, vi que era um país que estava crescendo muito e que tinha um bom IDH (Um dos melhores da África, de fato), e viajei", explicou o goleiro que participou dos últimos 17 jogos da seleção. Por sinal, ele já está convocado para o próximo amistoso, marcado para o dia 28 deste mês, na capital Malabo, contra um adversário a ser definido.

Apesar do futebol semi-amador em Guiné, engana-se quem pensa que Danilo reclama das condições de jogo naquele país. Apesar de ter uma população de 600 mil habitantes, Guiné Equatorial vem recebendo muitos investimentos, devido à sua larga produção de Petróleo. Um exemplo é a Arena Nacional, na capital Malabo, com 30 Mil cadeiras e que foi inaugurada em 2006, em um projeto executado por uma empresa alemã.

O melhor momento do camisa 1 na seleção guineana aconteceu em 8 de Setembro de 2007, na história vitória por 1x0 sobre Camarões, a melhor seleção africana segundo o Ranking da FIFA (16º lugar). Após o primeiro triunfo do Guiné sobre o país vizinho, o presidente Teodoro Obiang decretou feriado nacional. "Foi fantástico. O time todo foi recebido pelo presidente no dia seguinte. É por isso que sigo com muita dedicação ao time, porque sempre podemos enfrentar times assim, como Nigéria ou Camarões. E sempre tem alguém observando, para a gente conseguir algo melhor na vida", afirmou o goleiro, que chegou a ser sondado pelo futebol chinês.


África do Sul - A sua última apresentação pela seleção foi em Outubro do ano passado, contra a África do Sul. Isso mesmo, a anfitriã da Copa de 2010. Na partida, disputada em Malabo, Danilo conheçeu Joel Santana, o técnico brasileiro do país que receberá o próximo mundial. Joel ficou surpreso ao encontrar um 'brasileiro' no time adversário, mas o goleiro do Gavião do Agreste se saiu bem no diálogo. "Ele me perguntou o que eu estava fazendo em Guiné. Respondi que estava fazendo o mesmo que ele: correndo atrás, ele ficou rindo e agente bateu um papo legal".

Um comentário:

Anônimo disse...

A Guiné tem um dos piores IDH do mundo. PIB sim, mas IDH não !!!