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A comissão de inspeção do Comitê Olímpico Internacional (COI) cumpriu o protocolo neste sábado e, após o fim de uma semana de trabalhos no Brasil, elogiou o Rio de Janeiro. O mesmo já tinha sido feito em Chicago e Tóquio, as duas primeiras visitas do time, que a partir de segunda-feira inspecionará Madri, na Espanha. O resultado dessas viagens será um relatório, entregue aos eleitores, um grupo de conselheiros que irão decidir, no dia 2 de outubro, onde serão realizados os Jogos Olímpicos de 2016.
"Estamos muito impressionados com o que o Rio pode oferecer ao movimento olímpico. Em nossa estadia, vimos a unidade do time de candidatura sob liderança do COB e o alinhamento dos três níveis de governo com o presidente Lula, o governador (Sérgio) Cabral e o prefeito (Eduardo) Paes. O trabalho do comitê de candidatura foi profissional, mostrou trabalho duro e foram hospitaleiros", definiu Nawal El Moutawakel, chefe da comitiva do COI.
O elogio ao Rio chega após uma visita marcada pela maquiagem da cidade, com remoção de sem-tetos e ambulantes e tour pelas sedes durante um feriado praticamente sem trânsito. Protestos, como os que aconteceram nos EUA e no Japão, foram discretos.
O único que foi ao Copacabana Palace foi o relações públicas Eduardo José, com um cartaz em inglês contra a escolha do Rio para os Jogos. Em entrevista ao diário Lance, ele afirmou que recebeu uma proposta de emprego de um representante da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) para parar de protestar.
Quem também mostrou descontentamento foi um grupo de velhinhas, que faz hidroginástica no parque aquático Júlio Delamare. Elas foram às ruas de preto no sábado, quando a comissão de inspeção visitou as instalações. O Júlio Delamare será demolido para a adequação do Maracanã à Copa do Mundo de 2014.
Fora as senhoras e os envolvidos, a visita mostrou uma cidade quase vazia ao COI. Feriado de 1º de maio, poucas pessoas foram às ruas para acompanhar os estrangeiros, que rodaram pela cidade, por cerca de 9 horas, em um ônibus movido a biodiesel. Apesar de uma semana de campanha pela TV para a população vestir verde-amarelos, não aconteceram manifestações espontâneas de apoio. A comissão foi recepcionada, em todas as instalações, por pessoas com a camisa do Rio-2016, convocadas pelo comitê organizador.
Durante a viagem, foi impossível vedar as janelas para problemas da cidade. No trajeto entre Copacabana e Barra, passaram ao lado, por exemplo, da favela da Rocinha. Ao longo da linha amarela, no caminho para o Engenhão, cortaram a Cidade de Deus. Esse fato fez o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarar que "nada tinha sido escondido".
Apesar disso, a Folha de S.Paulo presenciou a remoção de moradores sem-teto em áreas do centro da cidade, no Aterro do Flamengo e na região do Maracanã. No primeiro vídeo mostrado à comissão, inclusive, comunidades carentes não foram mostradas. Um contato mais próximo com esse universo aconteceria neste sábado, no morro Santa Marta, que é comandado pela polícia, mas os membros do COI acabaram declinando o convite, feito pelo governador Sérgio Cabral.
Ainda para impressionar os 13 membros da comissão, chefiados pela campeã olímpica marroquina Nawal El Moutawakel, o Rio-2016 desfilou uma série de autoridades. A principal delas foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Sempre com o discurso de união dos três níveis de governo, participaram das sabatinas ministros do governo federal, cinco no total, e secretários estaduais e municipais.
Até mesmo Pelé apareceu. Ele jantou com os membros do COI no morro da Urca, na quinta-feira, e os recepcionou no Maracanã, na sexta. "Sai com vários cartões. Eles querem voltar à cidade, mas quando não estiverem a trabalho". Se esses planos se confirmarem, os que voltarem ao Brasil poderão ver um Rio sem maquiagem.
sábado, 2 de maio de 2009
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